Quando se fala em projetos de reflorestamento com plantas nativas, a imagem que vem à mente são vastos hectares de terras degradadas recebendo mudas de árvores que voltarão a formar uma floresta saudável. Mas, para essa transformação acontecer, são necessárias muitas pessoas. Estudos indicam que o Brasil pode gerar de 1 milhão a 2,5 milhões de empregos para restaurar os 12 milhões de hectares previstos no Acordo de Paris. Ou seja, precisamos inserir nessa visão coletiva a ideia de que reflorestar também é geração de emprego e renda.
A estimativa dos empregos criados foi feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo e publicada na revista científica People and Nature. Foram analisadas a necessidade de mão de obra em atividades como coleta de sementes, produção das mudas, plantio, manutenção das áreas e desenvolvimento e monitoramento dos projetos. Além da diversidade de funções, é interessante perceber que boa parte delas demanda, necessariamente, trabalhadores locais.
Então, além de gerar emprego e renda, o reflorestamento faz isso de forma atrelada ao território, o que permite o desenvolvimento econômico e social da região. A própria Organização das Nações Unidas (ONU), através do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da sua agência para Alimentação e Agricultura (FAO), reconhece a correlação entre desmatamento e pobreza. Com a floresta em pé (ou se reerguendo), a colheita é mais farta e o acesso à água de qualidade é mais garantido.
Essa visão social sobre a floresta é essencial, seja qual for o grau de conservação, pois ajuda a tornar comunidades próximas aliadas nos esforços de proteção. Um exemplo é o Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, onde atividades diversas, como pesquisas científicas, produção de mudas para reflorestamento e turismo, são capazes de gerar emprego e renda para todo o território, através de mão de obra direta e do fortalecimento das cadeias produtivas locais.
Ou seja, florestas em regeneração ou já conservadas são sim capazes de gerar emprego e renda. Um estudo realizado com dados da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (Sobre) mostra que a quantidade de mão de obra necessária para iniciativas de reflorestamento pode chegar a 0,42 por hectare – a depender do método usado, que pode incluir, por exemplo, o plantio direto, silvicultura de espécies nativas, sistemas agroflorestais e integração lavoura, pecuária e floresta. Para efeito comparativo, a demanda de mão de obra para o cultivo da soja gera um emprego para cada dez hectares.
Ao olhar para esses números, há quem possa pensar primeiro no encarecimento dos projetos pela maior demanda profissional. Mas não podemos esquecer que a geração de emprego e renda estão diretamente ligados ao fortalecimento de economias locais que, juntas, contribuem para a geração de riqueza significativa para o país. Essa lógica é comprovada pelo estudo do WRI Brasil, que indica que a recuperação de pastagens degradadas poderia incrementar o PIB em R$ 19 bilhões.
Fonte: CNN Brasil