Serão, ao todo, mais de 10,7 milhões de mudas de espécies nativas da Amazônia e da Mata Atlântica. Elas vão ocupar uma área equivalente a 20 mil campos de futebol.
Em três estados brasileiros, projetos de restauração florestal estão mudando áreas degradadas.
Nunca um projeto privado determinou o plantio de tantas árvores no Brasil em tão pouco tempo. Serão, ao todo, mais de 10,7 milhões de mudas de espécies nativas da Amazônia e da Mata Atlântica. Elas já estão sendo plantadas em propriedades reservadas para isso na Bahia e no Maranhão, e vão ocupar uma área equivalente a 20 mil campos de futebol.
A expectativa dos técnicos é que as novas florestas determinem, nos próximos anos, o aparecimento natural de mais 7 milhões de árvores. Mais da metade dessa imensidão verde já foi plantada. O resto levará mais dois anos.
O maior projeto de restauração florestal do país inspirado no mercado de carbono está sendo financiado por uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, em parceria com uma startup brasileira.
“Empresas que poluem ou poluíram no passado e querem demonstrar o seu compromisso com o combate às mudanças climáticas financiam projetos que depois, uma vez certificados por órgãos independentes, possam demonstrar aquela contribuição que a empresa deu ao financiar projetos que retiram da atmosfera gás carbônico”, afirma Bernardo Strassburg, fundador da Re.green.
A retirada de carbono da atmosfera prevista neste projeto equivale a retirada de 1 milhão de carros das ruas em um ano.
O plantio das árvores seguirá uma tecnologia desenvolvida pela startup brasileira que multiplica os benefícios do reflorestamento. Serão priorizadas as áreas próximas de nascentes e beira de rios, revitalizando as bacias hidrográficas. Os corredores verdes, que permitem a maior circulação de animais, protegendo a biodiversidade. Também serão priorizadas as áreas onde estão situadas comunidades locais, tanto da Bahia quanto do Maranhão, gerando emprego e renda.
“Nós estabelecemos sempre um diálogo com a comunidade do entorno para entender se não há nenhum tipo de objeção, restrição, à implantação desse projeto. E, mais do que isso: nós sempre buscamos parcerias com as comunidades locais e, com eles, nós conseguimos ativar uma economia local, que tende a ser muito mais empregadora do que a pecuária de baixa produtividade que estava nesses locais antes da nossa chegada”, explica Bernardo Strassburg.
O mercado de carbono também motivou outra startup a plantar 3 milhões de árvores em uma fazenda no município de Mãe do Rio, no Pará. O reflorestamento ocorre sempre em pastagens degradadas. Já foram captados mais de R$ 700 milhões de grandes empresas interessadas em compensar as emissões de gases estufa com o plantio de árvores.
“O mercado inteiro mundial de remoção de carbono atualmente remove algo em torno de 5 a 10 milhões de toneladas de CO² ao ano. Nós, como uma empresa apenas, queremos chegar a 5 a 10 milhões por ano até 2030. O Brasil, sem sombra de dúvida, por longe, vai ser o maior exportador de remoção de carbono do mundo, que vai atrair muito capital externo para criar empregos e desenvolvimento socioeconômico aqui dentro do país”, diz Peter Fernandez, fundador da Mombak.