Problemas na produção do Vietnã e na Indonésia e logísticos são fatores que têm contribuído com as altas nos preços
Há anos o cafeicultor capixaba não entrava uma safra de café com preços de mercado tão expressivos, em média R$ 500,00 acima dos valores praticados por saca de 60 kg em 2023. Problemas em países produtores do grão e o aumento nos custos logísticos até a chegada aos portos consumidores estão entre os fatores que devem manter, conforme apontam especialistas, os preços disparados durante o ano de 2024.
O diretor executivo da MM Cafés, Marcus Magalhães, comentou que o produtor tem vivido um momento ímpar com preços atrativos e firmes. “Há um ano entrávamos a safra produtiva com o Conilon R$ 650,00 a saca, enquanto hoje vale em média R$ 1.150,00 levando em consideração que os preços dos adubos e defensivos também tiveram seus custos diminuídos nos últimos anos. A margem que o produtor tem hoje de colocar o dinheiro no bolso é muito interessante, e não acredito em viés de baixa”, comentou, lembrando que no mercado existem grandes tomadores de café como os exportadores, além das indústrias de solúvel e torrefações que absorvem essa demanda, e o produtor que sempre estocar parte dos grãos.
Magalhães aponta que o atual cenário é de preços firmes em função, principalmente das questões produtivas no Vietnã e na Indonésia, aumentos de custos logísticos, em devido aos problemas no Oriente Médio, pois os navios estão sendo atacados no Mar Vermelho, no Canal de Suez, forçando os grandes armadores a procurar rotas alternativas, virando para o Cabo da Boa Esperança, na África, seguindo para a Europa, fato que encarece o frete e demora a chegada do café a portos consumidores.
“Os estoques globais de robustas também não estão confortáveis e o mercado ficou ansioso em função disso. Outro fato que fez o Conilon subir bastante foi que o dólar deu uma andada muito forte nos últimos dias, saindo de US$ 4,90 para 5,29 numa fração de 40 dias, em razão de uma ansiedade na questão de juros nos Estados Unidos e questões fiscais internas. Essa conjugação de dólar e bolsa para cima fomentou uma forte alta no Conilon em plena boca de safra. Esses problemas logísticos e produtivos no Vietnã e na Indonésia já se arrastam entre 7 e 8 meses e o Brasil vem ganhando no cenário internacional bastante mercado, e isso faz com que os exportadores fiquem ativos e por tabela deixam os preços internos firmes em curto prazo”, explica o especialista.
O Brasil vive um momento importante não só no quesito preço, mas no que diz respeito também à produtividade e à qualidade dos grãos que vem conquistando cada vez mais o mercado lá fora.
“A aceitação do conilon lá fora é uma conjunção de fatores. Nos últimos anos o Brasil vem trabalhando produtividade e qualidade de cafés oferecendo ao mercado um produto mais neutro, e isso fez com que adentrasse um nicho de mercado na Europa que no passado não era alcançado. O país era muito focado no solúvel e hoje existem várias torrefações europeias e americanas já utilizando o conilon nos blends (misturas) de cafés torrados e moídos”, comentou o diretor executivo da MM Cafés.
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