Em condições de campo, a maior intensidade da doença, com morte de plantas, foi observada nos clones LB1, K61, MP3, 12V (02) e Verdim
A cafeicultura capixaba tem atravessado desafios fitossanitários nunca registrados nas regiões produtoras de café no Brasil, tendo como principal característica o surgimento de cancros nos ramos ortotrópicos e plagiotrópicos. As consequências da doença têm sido a redução drástica da produção e morte prematura das plantas. As instituições de pesquisas, como o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), têm liderado estudos, junto a universidades, e, até o momento, o manejo adequado para combater a doença é com o uso de clones tolerantes e a substituição das plantas sintomáticas.
O Governo do Espírito Santo, por meio da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), fez aporte de mais de R$ 1.300.000,00 em pesquisas que envolvem a identificação correta do agente etiológico da doença, até medidas preventivas e curativas de manejo e controle, além de constituir um banco ativo de clones reconhecidamente resistente ao cancro dos ramos, pontuou o pesquisador Fitopatologista do Incaper, Inorbert de Melo.
“O Incaper ficou responsável pela seleção de materiais genéticos resistentes, a fim de, num futuro próximo, construir uma lista de clones comprovadamente resistentes e que possam ser recomendados o plantio. O Banco Ativo de Germoplasma (BAG), uma coleção de clones, também servirá para buscar genes para os programas de melhoramento genético. O instituto também vai colaborar junto à Universidade Federal de Viçosa (UFV) no entendimento do agente causal da doença, facilitando assim medidas de controle mais assertivas”, disse o pesquisador.
Os prejuízos já têm sido grandes. “O prejuízo depende de quantos clones suscetíveis o produtor plantou ou da proporção de clones suscetíveis na área. Existem vários relatos de 100% da área erradicada – clone LB1 representava 60% dos clones plantados, até 36 meses após o plantio, ou em outros casos, apenas as ruas do clone suscetível (clone P1)”, informou Inorbert.
O pesquisador pontuou, ainda, que, nesse sentido, o produtor além da diversidade de clones na área de cultivo precisa se atentar na proporcionalidade desses clones, mantendo a mesma proporção entre eles e escolher o plantio de clones resistentes.
“A vida útil dos clones suscetíveis está estimada em, no máximo, 48 meses, o que reduz em mais de 30% a sua capacidade produtiva e leva à erradicação de centenas de hectares. O problema tem sido relatado em praticamente todos os municípios capixabas”, ressaltou o pesquisador.
No Espírito Santo, o café conilon (Coffea Canephora) apresenta grande importância socioeconômica, respondendo por 31% do valor bruto da produção agropecuária em 2021, com área cultivada de 43.217 hectares. É responsável pela geração de empregos, principalmente de agricultores de base familiar envolvidos no processo de produção e comercialização.
Sobre a doença
Segundo estudos do Incaper, até o momento, não se conhece muito sobre o agente etiológico, a não ser a comprovada patogenicidade de alguns fungos (Fusarium spp. e Lasiodiplodia sp.) associados aos sintomas e, principalmente, tão pouco se sabe sobre medidas que sejam eficazes no manejo.
Vários trabalhos estão sendo realizados pelas instituições de pesquisa do Espírito Santo para estabelecer medidas de manejo para a doença. No entanto, alguns clones com alto potencial produtivo vêm apresentando suscetibilidade comprovada pela redução drástica da produção e morte prematura das plantas nas linhas de plantio.
Cafeeiros sintomáticos foram detectados em vários municípios produtores de conilon do Espírito Santo. No entanto, observa-se uma maior intensidade da doença nos municípios de Aracruz, Linhares, Sooretama, Jaguaré, São Mateus, Vila Valério, Nova Venécia, Rio Bananal e Pinheiros. Até o momento, em condições de campo, a maior intensidade da doença (com morte de planta) foi observada nos clones LB1, K61, MP3, 12V (02) e Verdim.
Portal Campo Vivo