Para solucionar um problema antigo no plantio de mudas está em desenvolvimento uma pesquisa de estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) do campus de Santa Teresa sobre o uso de papel biodegradável, os chamados paper pots (potes de papel), na cultura do café.
O estudante e técnico agrícola Arthur Cardozo identificou a necessidade de encontrar um método mais eficiente para o plantio das mudas com a intenção de substituir o uso de sacolas plásticas e de tubetes para embalar as mudas plantadas por materiais 100% biodegradáveis.
Papel biodegradável gera economia ao produtor e ajuda o meio ambiente
Após pesquisas extensivas e a montagem de uma área experimental, o estudante juntamente com a professora Luciléa Reis, passou a utilizar na pesquisa o papel biodegradável conhecido como “paper pots”, que já havia sido utilizado com sucesso no cultivo de eucalipto.
Os resultados preliminares da pesquisa são promissores. “O desenvolvimento radicular das mudas cultivadas em paper pots é superior, tornando-as mais resistentes e com um rendimento de plantio significativamente maior em comparação com os métodos tradicionais. Além disso, o uso do papel biodegradável elimina a necessidade de retornar os recipientes utilizados no plantio, o que reduz a logística reversa e simplifica o processo”, explicou o estudante Arthur Cardozo.
A tecnologia utilizada vem da empresa Pleno Pot, de São Paulo, que produz os materiais e tem presença em oito estados brasileiros. O produto é um volume de substrato envolto em um papel 100% biodegradável em forma cilíndrica onde a semente, estaca, bulbo, rizoma ou rebolo é acondicionado proporcionando o meio ideal para seu desenvolvimento até o transplante.
As raízes das plantas podem perfurar o papel sem nenhuma complicação. Quando as mudas estão prontas para o transplante, não é necessário tirar o papel porque o paper pot pode ser plantado diretamente no solo, vaso, calha, entre outros locais.
Um dos principais benefícios do uso do papel biodegradável na cultura do café é o impacto ambiental reduzido. Diferentemente das sacolas plásticas e dos tubetes utilizados anteriormente, o papel biodegradável não deixa resíduos e é totalmente amigável ao meio ambiente. Isso é especialmente importante considerando a preocupação crescente com a sustentabilidade e a busca por práticas agrícolas mais ecológicas.
A pesquisa ainda está em andamento, mas os primeiros resultados indicam que o uso do papel biodegradável pode revolucionar o plantio de mudas não apenas no café, mas também em outras culturas agrícolas. Estão em estudo cerca de 82 mudas de café arábica e 94 de conilon.
O próximo passo do projeto é expandir os testes para outras culturas, como banana, mamão e pimenta, de acordo com a demanda identificada.
“A intenção é difundir a tecnologia desenvolvida e comercializar as mudas produzidas em parceria com a Pleno Point. Para isso, está sendo planejada a criação de uma área experimental maior e a formação de parcerias”, disse Cardozo.
Eficiência e economia com paper pots
A pesquisa comparou diferentes tipos de recipientes, como sacolas plásticas e tubetes de plástico, com o objetivo de avaliar qual seria o mais eficiente.
“Os resultados preliminares indicam que o uso dos recipientes biodegradáveis gerou mudas com um maior volume radicular, o que é especialmente importante para a cultura do café, pois as raízes desempenham um papel crucial na fixação e no transporte de nutrientes”, explicou a professora Luciléa Reis.
A professora ressalta que as mudas desenvolvidas com o uso desses recipientes apresentaram um crescimento mais vigoroso, atingindo o ponto comercial mais rapidamente e reduzindo a taxa de replantio. “Esses resultados promissores podem trazer benefícios significativos para os produtores, tanto em termos de economia quanto de eficiência”, disse Reis à coluna.
Por Folha Vitória