O reflorestamento de árvores em áreas que perderam as características originais, seja por ações resultantes da atividade humana ou naturais, é de grande importância para à biodiversidade. Ainda assim é importante saber quais são as espécies adequadas para cada bioma e quais são os tipos de árvores mais comuns para esta prática.
Um dos critérios básicos que a atividade deve considerar, segundo os especialistas, diz respeito à necessidade de se usar diferentes espécies nativas do próprio local – o que permite a diversidade biológica e estimula o retorno também da fauna (animais). Os objetivos do reflorestamento podem ser ambientais (recuperação de áreas degradadas), ou comerciais (produção legal de produtos madeireiros). No aspecto ambiental, tal prática pode viabilizar uma série de melhorias ecológicas, sociais e econômicas, o que traz impactos positivos e acaba fortalecendo a região agrícola envolvida.
Entre os possíveis benefícios ambientais do reflorestamento estão a diminuição da erosão nos solos, devido à maior cobertura vegetal, produção e sequestro do dióxido de carbono (CO2). No aspecto social podem ser destacadas a geração de empregos e a maior relação entre os cooperados, enquanto o econômico valoriza o giro de capital por meio do emprego do projeto e a contribuição para o aquecimento local do comércio de mudas, defensivos e do produto final, a madeira serrada.
Com intenção de se fazer um reflorestamento ou regeneração de mata nativa, existem algumas considerações:
1 – Fator de regeneração progressiva.
Em uma área degradada, a recomposição da mata se faz por etapas. Em primeiro lugar aparecem as espécies pioneiras, mais rústicas, tolerantes ao sol pleno, de pequeno a médio porte, crescimento rápido e menos exigentes. Após estabelecido o que chamamos “mato”, composto destas espécies e arbustos, que normalmente são as consideradas pragas da lavoura, começam a surgir as espécies intermediárias, que se aproveitam da sombra das primeiras, e depois as chamadas “climax”, que são árvores de grande porte e longevidade, que dominarão a mata, reduzindo as pioneiras a um percentual muito menor, formando o chamado sub-bosque.
Portanto, quanto a este fator, deve-se evitar o plantio de espécies climax em terreno aberto e limpo. Considera-se então que as pioneiras se desenvolverão mais rapidamente, fornecendo sombra para as climaxes. Ou então procura-se aproveitar a vegetação existente, e plantar as climaxes em seu meio. Nestes casos, é necessário dosar a proteção fornecida pelas pioneiras, devido ao risco de abafamento, fazendo limpezas seletivas de tempos em tempos.
2 – Fator clima, altitude, solo.
Existem espécies que se adaptam melhor a solo mais seco ou mais úmido, arenoso, etc. Algumas espécies preferem climas frios, outras só produzem com muito calor. Algumas exigem altitudes mais baixas ou mais elevadas. Normalmente as espécies climaxes exigem um solo mais rico em adubação. Com uma boa literatura é possível obter muitos destes dados.
Efetivamente, vai se obter um resultado melhor escolhendo-se as espécies adequadas.
3 – Fator regional (macro região).
Existe uma vegetação característica para cada região do país. As principais são:
Floresta Amazônica
Cerrado
Caatinga nordestina
Mata Atlântica
Vegetação litorânea
Pantanal
Normalmente uma espécie que compõe a vegetação típica da região a ser reflorestada sempre se adapta bem, respeitando-se compatibilidade de clima e solo. Por isso é importante observar as matas remanescentes da região, identificando as espécies que se adaptam bem ali, e dar preferência a elas. É muito comum que uma espécie exuberante em uma região não consiga boa adaptação a outra, as vezes a poucos quilômetros do local.
Desta forma é muito importante plantar as espécies predominantes da mata original, de preferência originárias de sementes colhidas nas proximidades, que certamente apresentarão desenvolvimento mais rápido e garantido, e depois mesclá-las com outras espécies nativas de interesse.
5- Fator aplicação
Trata-se da finalidade para que se quer o reflorestamento. Normalmente os mais comuns são três requisitos:
Árvores frutíferas para atrair e manter a fauna (muitas vezes não são frutos comestíveis para o homem).
Árvores de grande porte (as tradicionais, também conhecidas como madeira de lei)
Árvores com floração atraente, que também são melíferas, para a apicultura (procurando-se espécies que floresçam em épocas diferenciadas).
Existem muitas espécies que atendem a mais de um dos requisitos, as vezes até os três, veja alguns exemplos de espécies nativas de cada tipo.
Frutíferas: Goiaba, Araçá, Murici, Papagaio, Pombeira, Cajá, Pitanga, Gabiroba.
Grande porte: Jequitibá, Sapucaia, Peroba do Campo, Inuíba, Copaíba, Garapa.
Com Flores: Ipês, Quaresmeira, Mulungu, Canafístulas, Faveiro.
Principais categorias de mudas nativas para reflorestamento:
Pioneiras
Embaúba – Cecropia (diversas espécies)
Angico jacaré – Piptadenia gonoacantha
Caja mirim – Spondias monbin
Fedegoso – Senna macranthera
Fedegoso gigante – Senna alata
Leiteira – Tabernaemontana fushiaefolia
Pombeira – Cytharexylum myrianthum
Papagaio ou tamanqueira – Aegiphila sellowiana
Capixingui – Croton floribundus
Sangra d’agua – Croton urucurana
Marianeira – Acnistus arborescens
Intermediárias
Amendoim do mato – Pterogyne nitens
Aroeira vermelha – Schinus terebinthifolius
Cabreúva, Balsamo – Myroxylon balsamum
Canafístula de fava – Cassia ferruginea
Canela branca – Ocotea spichiana
Caroba branca – Sparattosperma leucanthum
Catuaba branca – Eriotheca candolleana
Farinha seca – Albizia haslerii
Guapuruvu – Schizolobium parahyba
Ingá – Inga edulis
Ipê amarelo do Cerrado – Tabebuia chrysotricha
Ipê roxo – Tabebuia avellanedae
Jacarandá da Bahia – Dalbergia nigra
Jenipapo – Genipa americana
Mulungu – Erythrina verna
Climaxes
Angico vermelho (mam. Porca) – Anadenanthera macrocarpa
Araribá – Centrolobium robustus
Brauna preta – Melanoxylon brauna
Cedro – Cedrela fissilis
Copaiba – Copaifera langsdorfii
Garapa – Apulea leiocarpa
Cutieira ou boleira – Joanesia princeps
Inuiba – Lecythis lúrida
Ipê amarelo da mata – Tabebuia serratifolia
Jatobá – Hymeneae courbaril
Jequitibá rosa – Cariniana legalis
Paratudo – Hortia arbórea
Pau Brasil – Caesalpinia echinata
Pau dalho – Gallesia intergrifolia
Pau ferro – Caesalpinia ferrea
Pau rei – Pterygota brasiliensis
Peroba do campo – Paratecoma peroba
Sapucaia – Lecythis pisonis
Vinhatico – Plathymenia foliosa
Vale destacar que das três categorias citadas, existem muitas outras espécies e categorias de árvores recomendadas para o reflorestamento.
Por Plant Verd Serviços Florestais